terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

O PODER E A PESTE

Em janeiro de 1994, operários encarregados das obras do serviço de saneamento de Fortaleza - SANEAR - encontraram sob o asfalto da rua Adriano Martins, no bairro da Jacarecanga, centenas de ossadas humanas, sepultadas em valas comuns e cova rasa. A comparação foi inevitável: era como se um misterioso campo de concentração nazista houvesse sido descoberto bem próximo ao centro de Fortaleza. A Impresa local ficou atônita, tentando explicar a origem da montanha de ossos.
Ninguém sabia dizer, com precisão, do que se tratava. Só depois de serem levantadas as hipóteses mais estapafúrdidas, descobriu-se que os operários da SANEAR haviam localizado parte de um cemitério histórico, onde foram enterrados milhares de mortos, vítimas da varíola, a terrível peste que assolara Fortaleza no final do século XIX. Para se ter ideia da tragédia à época, basta dizer que em um único dia, 10 de dezembro de 1878 - quando a moléstia atingiu seu ponto máximo -, morreram na capital cearense nada menos de 1.004 pessoas vítimas da varíola. Era o "Dia dos Mil Mortos".

Introdução do livro O PODER E A PESTE - POR LIRA NETO

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