segunda-feira, 26 de outubro de 2015

PRÉ-CONCEITO DE COR

Por que o branco é a paz e o preto o luto?
Se a branca Europa promoveu o luto da negra África.
E o preto Jesus então, foi assassinado,
E ressuscitou branco dos olhos azuis.
A capoeira é preta, o samba é preto, o hip hop é preto, eu sou preto, até meu celular é preto.
Meu verso, no entanto, é colorido.
Sabe por quê?
Porque meu tênis é branco, minhas meias são brancas, meus dentes são brancos, daqui a pouco até meu cabelo vai ser branco, mas meus olhos são uma mistura do preto e do branco.
Ah, ia esquecendo, eles ficam vermelhos também.
Quer saber o porquê?
É o vermelho do sangue da guerra que só mata inocentes,
É o vermelho do choro por saber que meus versos são ineficazes para fazer você entender que nosso inimigo é preto e branco.
Preto do paletó, branco da camisa por baixo do paletó, que esconde uma ideologia nazifascita.
Antes de discutir o preto e o branco, discuta a justiça e a injustiça.
Alberto Ativista, escritor e poeta.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

ÁRVORES SÃO COMO PESSOAS

As árvores além de fazer sombra e embelezar a frente de nossas casas, pegam o gás carbônico do ar e transformam em oxigênio, ajudam para que o clima fique mais ameno, mais suave à nossa existência.
Mas, eu pensava, árvores são como gente, alguns tipos de gente é claro... Vou explicar: Tem gente que faz sombra, como quando você está na rua no sol de lascar, e alguém chega com um guarda chuva que nesse momento vira um guarda sol, e faz sombra para você, e existem pessoas que embelezam não só a frente das nossas casas, mas embelezam nossas vidas por completo.
Não conheço pessoas que transformem gás carbônico em oxigênio, mas conheço pessoas que nos dão um gás a mais quando precisamos, viram oxigênio para nossas vidas, fazem nossa vida ficar mais suave, mais amena.
Eu conheço muitas pessoas como a caatinga, que vivem cinza, na seca, com o sol no cocuruto, mas basta uma gota da chuva da esperança para elas renascerem fortes e verdes como a caatinga. Também conheço muitos que nem a Mata Atlântica, que sofreram perdas, quase foram dizimadas, mas resistem bravamente, e com muita honra. Outras pessoas são que nem a Amazônia, atacadas, perseguidas, no entanto, não sucumbem, permanecem gigantes muralhas.
Mas nem tudo é beleza e superação, há um outro lado das árvores que também me lembra às pessoas, são aquelas árvores grandes, mas mortas, secas, sem vitalidade, que às vezes causam desastres, porque árvores também morrem, não é verdade? Assim como muitas dessas árvores por aí, que só estão em pé por estar em pé, existem pessoas que só estão em pé por estar em pé, secas, e causam muitos desastres, só existem, mas não vivem.
Alberto Ativista, escritor e poeta.

O TEMPO

Ninguém segura o tempo, ninguém cheira, ou ver o tempo.
O tempo é enigmático, às vezes achamos que ele passa rápido, às vezes achamos que ele passa devagar.
Entretanto, a lição mais valorosa que aprendi sobre o tempo é que ele não volta (passado), não chega (futuro), e sempre está conosco (presente). Mudar o passado, ou o futuro não é possível, apenas o presente. Lamentações sempre existirão, mas o mesmo fato que te fez errar, te deu uma nova chance para acertar, sempre no presente, nunca no passado, nem no futuro.
Alberto Ativista, escritor e poeta.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

CHICOS E FRANCISCOS

Chico mora nos bairros de lata da vida, Francisco mora num apartamento à beira-mar. Ambos nasceram no mesmo pedaço de chão, mas não nas mesmas condições de subsistência.
Chico tem ascendência de ex-escravos, Francisco ascende de famílias europeias que fizeram fortuna por aqui. Chico anda de chinelo, Francisco usa sapato social. Chico usa como ferramenta de sobrevivência à enxada, Francisco usa a política. O que eles não sabiam é que o destino um dia os colocariam frente à frente no momento mais importante de suas vidas.
Era 24 de dezembro do ano de 2014 depois de Cristo, às 23:00 hrs. Francisco desfilava em meio a neblina com seu belo Porsche Cayenne comprado com desvios de recursos públicos da Copa de 2014, no banco de trás vários embrulhos, presentes de natal. Já Chico coitado, andava cabisbaixo, pois não tinha uma moeda se quer para comprar um presente para o seu unigênito que dia 25 faria 7 anos. Isso atormentou Chico nos últimos 24 dias.
Desesperado, Chico pegou o velho calibre 38, empoeirado, que herdara do seu pai. Até então, nunca precisou usá-lo. Estava decidido, ia assaltar uma loja, qualquer loja para dá um presente natalício ao seu filho. Francisco que dirigia tranquilamente com o vidro abaixado, uma mão no telefone celular, e outra no volante, sorridente... Sinal vermelho logo à frente, Francisco reduz. Chico observa aquele belo carro, percebe a distração do motorista, e dá o bote! É um assalto, passa a grana! Francisco aterrorizado diz não ter dinheiro, foi quando Chico notou os embrulhos no banco de trás, e não pensou duas vezes, foi pegar os presentes.
Chico não é perito em assaltar, aliás, era seu primeiro assalto. Inocentemente colocou o revólver na cintura e virou às costas para Francisco enquanto pegava os presentes. Não deu outra, Francisco puxou o revólver da cintura de Chico, mas antes que pudesse atirar Chico partiu para cima, e uma luta corporal se iniciou. Rolaram de um lado para o outro da pista, foi quando Francisco disparou três vezes contra o peito e o abdômen de Chico. Em poucos segundos Chico já estava morto. Francisco ainda comemorava quando um carro em alta velocidade o atropelou pelas costas, foi morte instantânea. O carro perdeu o controle e bateu adiante. Eram criminosos que fugiam da polícia.
Nessa tragédia, apenas Chico e Francisco morreram. Um porque queria presentear seu filho, outro porque estava acostumado a assaltar o dinheiro público, não a ser assaltado. Morre o pobre, morre o rico também, porque pau que dá em Chico, tem que dá em Francisco.
Alberto Ativista, escritor e poeta.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

CORAÇÃO AMAZÔNICO

Meu coração é amazônico, biodiverso. Por ele correm rios e cachoeiras, da minha boca exalam profecias poéticas, perfumadas como as flores, coloridas como a fauna e a flora.
Mas, como o dia que antecede a negra noite e seus mistérios, meu coração também é guerrilheiro, sanguinário opositor dos Deuses da mentira e da ilusão, como um tigre que esquarteja e devora sua presa, eu esquartejo e devoro aqueles que dizem que nascemos para sofrer, que nascemos para sermos coadjuvantes. Por essas e outras, meu coração é espinhoso, porém, cheio de rosas.
Alberto Ativista, escritor e poeta.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

MUNDO DOS ALIENADOS

Não sou Patativa do Assaré, mas já vi muitas tristes partidas, e a pior partida é a nossa, quando nos perdemos dentro de nós mesmos.
Sofremos uma lavagem cerebral e uma padronização diária. Não pense, não questione, apenas aceite, principais mandamentos do mundo dos alienados. Enterramos todos os dias sonhos, sorrisos, amores, nesse maquinário criado justamente para isso.
Estapafúrdia é a nossa existência, compramos para exibir aos outros, fingimos ser quem não somos para agradar os outros, e por fim, não somos amados pelos outros.
Alberto Ativista, escritor e poeta.