sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

DEPOIMENTO DE UM SUICIDA

Racismo infernal
Que corrói o meu peito,
Será normal
Viver desse jeito?
Eu vejo,
Muitos que nem eu.
Racista que nunca sofreu,
A dor da chibata,
A dor da corrente,
Que tanto maltrata,
O negro carente.
Eu que gozei,
Desfrutei e amei,
A ostentação do ouro,
A Europa como um todo.
Fui comparsa,
Na escravidão da África.
Sinto nojo de ver um mulato,
Não suporto esse fato.
Sonho com um negro carbonizado,
Ou até mesmo degolado.
Mas não é certo,
Não me vejo liberto.
Só existe uma solução,
Para essa podridão,
Que assola meu coração.
Peguei o 38,
E estourei o miolo.
Bum!
Matei o racista,
Que existia dentro de mim,
Assim,
Bem natural
A morte foi minha sentença final.
Alberto Ativista, escritor e poeta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário