sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

BLACK PANTHERS ( O CASO MUMIA ABU-JAMAL)

No dia 09 de dezembro de 1981,
Wesley Cook, mais conhecido por Mumia Abu-Jamal (nome que adotou após sua conversão ao islamismo), até então jornalista e locutor de um programa de rádio na Filadélfia, foi preso e condenado a morte pelo suposto assassinato do policial Daniel Faulkner.
O caso apresentou dezenas de falhas e comprovações de que Mumia não havia matado ninguém. Todas as provas e fatos foram ignorados pelo Juiz Albert Sabo que o sentenciou a morte.
O caso de Múmia é especial pelo fato de que há uma espantosa
possibilidade de que ele tenha sido
preso e condenado, por suas
convicções libertárias e sua luta pelo direito dos negros e menos
favorecidos.
No começo da década de 70, Mumia foi integrante do grupo revolucionário Panteras Negras, quando ainda tinha 15 anos. Chegou a ser da comissão de
informações. Posteriormente já como jornalista, ele foi considerado o porta-voz dos negros e dos pobres da Filadélfia. O seu programa era conhecido como “A voz dos que não tem voz”.
Por seu engajamento político e
libertário e a grande popularidade do seu programa, Mumia sofreu várias ameaças da polícia racista daquela cidade.
No dia em que foi preso, Mumia que
também era taxista, dirigia o seu
veículo quando viu o policial Faulkner espancando o seu irmão, William Cook. No meio tempo em que Mumia desceu do carro a fim de mandar que o policial cessasse as agressões, um turbilhão de confusões aconteceram. De repente tanto Mumia quanto Faulkner estavam no chão, baleados e
sangrando. Várias testemunhas dizem ter visto outra pessoa fugindo. Várias disseram ter sido esse homem o autor dos disparos.
Quando outros policiais chegaram ao local ainda bateram várias vezes a cabeça de Mumia contra um poste na tentativa de matá-lo e dizer depois que os ferimentos haviam ocorridos na suposta luta com Faulkner.
No hospital, um dos policiais insistia em ficar com o pé em cima do dreno, fazendo com que ele sentisse dores insuportáveis. Um dos médicos disse que havia uma grande chance dele desenvolver uma pneumonia por causa das perfurações no pulmão e que devido ao estado em que se encontrava poderia vir a óbito.
Na prisão, fizeram questão de deixá-lo na cela mais úmida a fim de fazê-lo contrair a doença.
No julgamento, Mumia pediu ao Juiz Sabo o direito dele mesmo se
defender e interrogar o júri e as
testemunhas. O direito lhe foi negado. Sabo escolheu o júri a dedo. Primeiro só colocou pessoas
favoráveis a pena de morte. Usou
também a faculdade de recusa para
excluir da lista 11 afro americanos.
No final, apenas um dos jurados era negro. Múmia foi condenado a pena de morte, a autorização para a aplicação da injeção letal já foi dada duas vezes, mas a pressão internacional e o trabalho do seu advogado conseguiram adiar a execução indefinidamente. Enquanto busca um novo julgamento, Mumia grava programas semanais de rádio e continua escrevendo na prisão.
Em 2003, a luta de Múmia rendeu-lhe o título de cidadão honorário de Paris (antes dele, o último a receber a rara homenagem tinha sido o pintor espanhol Pablo Picasso, em 1971).
Segundo palavras do próprio Mumia " Há câmeras ligadas 24 horas por dia sobre a minha cabeça e não apenas porque eles temem que eu fuja. Elas estão ligadas para que os guardas
monitorem tentativas de suicídio.
Certamente todos os presos que um
dia entraram no corredor da morte já pensaram em sucídio, por mais
ridículo que isso possa parecer.
Tenho duas horas por dia fora da cela. O corredor da morte, assim como a vida, é como você quer que seja. É um lugar de isolamento extremo e sua saúde mental depende muito de como você gasta seu tempo. Homens diferentes têm maneiras diferentes de lidar com a vida – ou, francamente, de falhar em lidar com a vida. Eu tento me manter sempre muito ocupado. Fiz
faculdade de Psicologia e mestrado
em História aqui dentro. Leio livros de história, ciência política,
atualidades".
OBS: Mumia teve êxito em escapar do corredor da morte, mas não da prisão perpétua.

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