terça-feira, 26 de maio de 2015

LÁGRIMAS NO FINAL

Eu corria feito velocista,
Amava, sorria, me divertia.
Voava na minha motocicleta,
Jogava bola, andava de bicicleta.
Chegou os 30 e os cabelos vão embranquecendo,
A virilidade vai aos poucos morrendo.
Aos 40 de idade virei produto descartável,
Nem emprego, nem salário, lixo não retornável.
Senhora posso aparar sua grama, por favor?
Não, não já tenho jardineiro senhor.
Aos 65 não tive direito ao aposento,
O INSS negou o que é meu por direito,
Ou uma série de advogados,
Sacando meu salário.
Quando consegui já depois dos 70, que ódio
O advogado levou 90% do meu direito indenizatório.
Atualmente largado por parentes,
Me encontro no asilo dos penitentes.
Homens que nem eu abandonados,
Rinossinusite, garganta cheia de catarro.
Mãos trêmulas, mal de Parkinson imprestável
Visão, audição, quase zero no jardim dos rejeitados,
Sou uma planta não regada,
Esmagada, pisoteada.
Meu alívio é saber que quem me tortura nessa vida, no asilo,
Vai envelhecer e sentir o que eu sinto.
Não importa seu poder juvenil atual,
Envelheceu vai virar lixo social.
Alberto Ativista, escritor e poeta.

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