quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

SE O AMANHÃ NÃO EXISTIR

Eram 19 horas, sai para tomar umas, relaxar um pouco, espairecer a mente. Já era 01 da madrugada, voltando para casa. Mais calmo, distraído... Não lembro de mais nada. Só sei que estou preso na lataria.
Ensanguentado, desfalecendo. Logo a frente meu caderno de anotações. Sei que vou morrer, deixarei escrito meus últimos pensamentos:
"Querida Ana, é para ti e minhas duas filhas Larissa e Margareth meu último pensar. Se o amanhã não existir para mim, só quero que saibam que eu as amo, sempre as amei".
Abri os olhos, uma luz tomou conta da minha visão, pessoas de branco, minha mulher do lado, logo se alegrou ao ver que eu tinha acordado. Quanto tempo fiquei desacordado? Em torno de 10 horas, ela respondeu. Continuou: -Quando chegaram lá você ainda estava acordado, e desfaleceu em seguida.
Percebi que ela estava com meu caderno de anotações na mão.
-E o que houve comigo?
-Você passou para a contra mão e chocou-se com outro carro.
-Quem estava no outro carro?
Ela exitou, insisti... Até que ela respondeu.
-Mãe, pai e duas garotinhas, morreram na hora.
Isso aconteceu a 10 anos, e todo dia de finados desde então, venho ao túmulo de vocês e relembro tudo o que aconteceu. Vocês tinham duas filhas, assim que nem eu... Eu estava bêbado, confesso. Nunca mais bebi depois de tudo. O amanhã existiu para mim, para vocês não.
Sei que essas flores não lhes trarão de volta a vida, mas só me restou isto, e um pedido de perdão.
Alberto Ativista, escritor e poeta.

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