sábado, 26 de agosto de 2017

O HOMEM DE BERMUDA E CHINELO

Sávio abriu os olhos e não reconheceu o teto. Levantou-se admirado e preocupado ao mesmo tempo. Tudo estava diferente, a mobília, a cor do quarto que antes era verde fosco, agora é de um branco impecável. Ainda sem entender nada ele sai para ver a rua.
A rua bem limpa, crianças indo para a escola, outras brincando ciranda ou pulando corda. Um senhor passa com um jumento e o cumprimenta com um bom dia, logo em seguida uma senhora que vem na mão contrária passa com um Corola, sede passagem ao homem com o jumento e também cumprimenta Sávio. "Eu não entendo", pensa Sávio... Essa é minha rua, mas está tão diferente, tão, tão... Magnífica! Não há homens e mulheres bêbados nos bares, não há pessoas xingando no trânsito, aliás no trânsito não havia divisão entre faixa para ciclistas, pedrestes, carros ou jumentos, todos trafegavam tranquilamente na mesma faixa.
O clima já não estava tão seco, tão quente, estava um belezura, agradabilíssimo. Onde antes tinha um paredão de som, agora tinha uma orquestra de pássaros. "Isso tudo é tão irreal, será que eu morri e estou no céu? Vou já voltar pra casa e ligar a TV". Ao ligar a TV Sávio não viu notícias de assasinatos, nem políticos colocando dinheiro na cueca, ou na meia. A única coisa que Sávio viu na TV foi a notícia que dizia o seguinte "Atenção todos os expectadores, saiam de suas casas agora, venham ver o belo sol que nos prestigia está manhã". Sávio sai para fora e vê um cara sorridente vestindo bermuda e de chinelo no pé. Ele se aproxima de Sávio, o cumprimenta, e pergunta para Sávio "Que cara de susto é essa?" Sávio responde "O mundo que eu conheço não é este. Eu estou morto?" O homem de bermuda respondi "Você não está morto, está tendo apenas uma visão de como o mundo poderia ser se o ser humano não fosse tão cruel e egoísta". Em seguida este homem toca com a ponta do dedo no peito de Sávio que logo sente uma dor forte e desfalece.
Quando Sávio acorda está sendo socorrido para o hospital, tomando choques do desfibrilador. Ele pergunta "O que houve?" O socorrista diz "Você sofreu um sério acidente de moto. Um carro veio e o atropelou, e sem mais, nem menos esse carrou sumiu".
Então Sávio começou a pensar que quem dirigia o carro era o homem de bermuda e chinelo, e que aquilo era uma visão para que Sávio pudesse espalhar para o mundo uma mensagem de construção de uma sociedade menos sanguinária e mais receptiva e amorosa.
Alberto Ativista, escritor e poeta.

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