domingo, 29 de maio de 2016

OS VERSOS CHORARAM ATÉ ONTEM

Diz que homem não pode chorar,
Tem que ser firme, forte, e enfrentar,
Tudo com clareza, garra e percepção,
Mas homem também tem coração,
Ao relembrar do passado,
Dos erros, solitário, isolado.
De quem partiu e não pôde se despedir,
Pai, mãe, avô, avó, tristeza, enfim...
Tantos outros que partiram,
Não abrilhantaram o dia com sorrisos.
Posso parecer uma muralha,
Mas, a muralha também se abala,
Grita, espernea, dá soco na parede,
Sai pra rua e num dia toma um porre pra meses.
No Brasil do abandono em massa,
De crianças dormindo nas praças,
De velhos largados,
Sujos, mijados,
Professores que apanham da polícia,
Famílias em guerra que dura uma vida.
Eu sou apenas mais um que não se calou,
Que nasceu em meio a lama e por ela rolou.
Cara de bicho, largado, desolado,
Até que um certo dia de fato,
Todo fedido encontrou uma flor,
Achou dá hora o seu cheiro e se apaixonou.
Andou com a tal flor horas, dias, meses,
Sem olhar nada, pois nada tinha interesse,
Só aquela flor cheirosa que ele achou na lama,
Quando enfim se deu conta da andança,
Estava um sol de lascar,
Um oásis também estava lá,
Então banhou-se naquela água refrescante,
Ao terminar o banho estava adiante,
Um novo mundo, um novo homem,
Os versos choraram até ontem,
Hoje sou apenas eu e aquela flor,
Que chamo de poesia e amor.
Alberto Ativista, escritor e poeta.

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